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"Dezenas de clientes da agência do Banif em Quarteira queixam-se de que milhares de euros foram abusivamente retirados das suas contas e esperam, há dois meses, que a administração (que culpa o gerente da agência pelo sucedido) do banco reponha as verbas em falta. Embora difícil de quantificar o número exacto de clientes lesados e o valor em falta, há casos em que alegadamente desapareceram milhares de euros de algumas contas.







Marques dos Santos, vice-presidente do Conselho de Administração do Banif, confirmou ao CM, “ter sido detectado um conjunto de irregularidades naquela agência do banco” e acusa o gerente que entretanto “pediu a demissão”. Classificando o acto “uma criancice” explica que havia “clientes que pediam crédito e era-lhes adiantado o dinheiro enquanto não vinha a aprovação superior”.

Marques dos Santos admite “não ter sido ainda possível quantificar o montante em falta” – para isso está a decorrer uma auditoria interna – mas afirma que “tudo indica não ter havido desfalque, mas sim movimentos irregulares entre duas a três dezenas de contas”.

O vice-presidente do banco pede “calma e paciência” a todos os clientes afectados, afirmando que “nenhum sairá lesado deste lamentável episódio” e garante que “o banco, depois de apurar tudo muito bem, vai ressarcir os clientes prejudicados e os juros devidos”.

Os clientes, entretanto, desesperam e um reformado, que pediu o anonimato, porque é “amigo da família do gerente”, disse ao CM, que “tinha no banco 40 000 euros, a prazo, e recebi agora um extracto a dizer que devo 300 euros ao banco”.

Este cliente afirma não ter estranhado ter deixado, a certa altura, de receber os extractos bancários, ficando descansado porque quando ia à agência “era sempre bem recebido pelo gerente” o que o deixava “à- -vontade”.

Noutro caso, um empresário local, que desesperava pela demora na aprovação de um crédito requerido ao banco, ficou descansado quando o referido gerente lhe terá dito para dispor da verba de imediato. “Só agora soube que o dinheiro foi, indevidamente, transferido da conta de outro cliente, que nada sabia”, reconheceu ao CM, igualmente sob anonimato. Também um hoteleiro da zona de Vilamoura terá visto ‘desaparecer’ da sua conta perto de meio milhão de euros, mas não quer falar da situação, para já.

Difícil é contabilizar o número de lesados e o valor total do montante em falta dada a confusão de trocas entre saldos de várias contas.

ACUSADO FALA EM CALÚNIAS

O gerente da agência do Banif de Quarteira, um jovem de 33 anos, de famílias conceituadas na cidade, disse ao CM que as acusações contra si “são uma grande calúnia”, justificando a saída dos quadros da instituição de crédito com “problemas de saúde”, que lhe afectaram seriamente o coração e a cabeça. Este quadro bancário garantiu que saiu de livre vontade do Banif. “Pedi a demissão, que foi aceite, em Outubro, após sete anos de relevantes serviços, como o comprova o facto de ter sido, por várias vezes, promovido e, no final, até me enviaram uma carta de recomendação”, afirmou. Quanto às acusações de desvio de verbas de dezenas de contas e à dificuldade que o banco está a ter no apuramento dos seus verdadeiros saldos, o gerente justifica com o facto de estar, na altura, “sobrecarregado de serviço”, o que poderá ter originado “algumas confusões”.

PORMENORES

CONFUSÃO

Apesar de, na cidade, circular o rumor que haverá quase uma centena de clientes lesados, a administração do Banif garante que, até agora, só foi possível detectar cerca de 30 casos.

ESPANTO

Difícil é conseguir depoimentos das alegadas vítimas, porque a família do gerente é muito conceituada. O pai é funcionário público com cargo de chefia e o sogro proprietário de um conhecido restaurante.

PROMOÇÃO

O jovem gerente tinha uma folha de serviço impecável. Bancário há sete anos, regista várias promoções e era considerado um funcionário exemplar, pois angariara importantes negócios para a agência.
Teixeira Marques"